segunda-feira, 23 de setembro de 2013

CASA PARA A FAMÍLIA DO AMARILDO

A política de segurança pública militarizada o eliminou e desapareceu com seu corpo. Retirou da família o direito inalienável de praticar o último gesto de despedida e desfazimento das relações estabelecidas ao longo da vida: o sepultamento. Não bastava terem torturado, matado e desaparecido com seu corpo. Tentaram criminalizá-lo, ainda que para isto fosse necessário criminalizar, também, sua esposa e mãe de seus filhos. Para os formuladores e garantidores da atual política do Estado a perversidade até então praticada era pouca. Na casa com nove metros quadrados Amarildo vivia com a mulher e os filhos. Não era uma casa. Mas, um cômodo no final de um beco, tendo ao fundo um valão. Era um beco sem saída. Um delegado, que não foi ao local, disse que a casa era rota de fuga para o tráfico. Felizmente, ainda há gente com dignidade em toda parte, inclusive nos quadros da Polícia Civil e no Ministério Público. E desta forma, Beth (viúva de Amarildo) e seus filhos poderão permanecer em liberdade; merecem uma casa. Uma imputação policial é, igualmente, um beco sem saída para aqueles que não dispõem dos meios de defesa. As agências seguintes cuidam apenas de homologar o que consta do inquérito ou auto de prisão. E adeus liberdade!
O delegado Orlando Zaccone, que impediu a truculência, e a promotora, Marisa Paiva, que não embarcou na versão fantasiosa que criminalizava inocentes e possibilitava o encobrimento da política que se executa nos territórios ocupados e militarizados das UPPS, merecem nosso reconhecimento público.
 


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