domingo, 6 de dezembro de 2015

Nem golpismo, nem governismo!

"O reconhecimento da vitória do opositor na Argentina por percentual similar ao da vitória da presidenta Dilma ensina sobre a legitimidade democrática, expressa pela maioria, e haveria de obstar a sanha golpista em marcha. O encaminhamento do pedido de impeachment pelo presidente da Câmara dos Deputados é do mais baixo golpismo e revanche ante a possibilidade de sua cassação, por contas na Suíça com recursos de origem a esclarecer. Por fato menos gravoso o senador Delcídio teve prisão cautelar decretada".
"A defesa do Estado Democrático de Direito não se confunde com defesa do governo, nem apoio às suas desastradas opções contrárias aos interesses do povo brasileiro. A repressão policial dos governadores oposicionistas do Paraná, aos professores, e de São Paulo, aos alunos, tem precedente em governistas, tanto com o ex-governador Sérgio Cabral aos professores, quanto pelo ‘prefeito das Galáxias’ Eduardo Paes, com sua Guarda Municipal, aos moradores da Vila Autódromo".

O reconhecimento da vitória do opositor na Argentina por percentual similar ao da vitória da presidenta Dilma ensina sobre a legitimidade democrática, expressa pela maioria, e haveria de obstar a sanha golpista em marcha. O encaminhamento do pedido de impeachment pelo presidente da Câmara dos Deputados é do mais baixo golpismo e revanche ante a possibilidade de sua cassação, por contas na Suíça com recursos de origem a esclarecer. Por fato menos gravoso o senador Delcídio teve prisão cautelar decretada.

A defesa do Estado Democrático de Direito não se confunde com defesa do governo, nem apoio às suas desastradas opções contrárias aos interesses do povo brasileiro. A repressão policial dos governadores oposicionistas do Paraná, aos professores, e de São Paulo, aos alunos, tem precedente em governistas, tanto com o ex-governador Sérgio Cabral aos professores, quanto pelo ‘prefeito das Galáxias’ Eduardo Paes, com sua Guarda Municipal, aos moradores da Vila Autódromo.

A repressão aos manifestantes nas Jornadas de Junho de 2013 foi similar em todo o Brasil e foi gestada no Ministério da Justiça. Foi a presidenta quem encaminhou ao Congresso o projeto de Lei Antiterrorismo, criminalizando movimentos sociais, e usou o Exército na repressão aos manifestantes contra o leilão do Campo Petrolífero de Libra.

Dia 1º, enquanto se enterravam cinco jovens assassinados pela Polícia Militar, a Fecomércio iniciava implantação de ‘policiamento privado’ no Aterro, Lagoa e Méier, com as bênçãos do governador Pezão e apoio do governo federal. Trata-se da institucionalização de algo similar às milícias, dada a natureza privada da função pública usurpada. A letalidade pelas forças estatais seria menor não fossem as ocupações militares de favelas, com uso do Exército contra a população civil.

O assassinato dos jovens é reflexo da militarização da vida desde a instalação das UPPs, que o deputado fluminense, arauto governista, apoiava quando presidia a OAB e em razão do que destituiu a Comissão de Direitos Humanos que investigava as chacinas do Alemão e Coreia. O fascismo não se expressa apenas na tentativa de golpe e interrupção do mandato legítimo da presidenta eleita, mas em tudo que viola o Estado de Direito Democrático, venham de oposicionistas ou governistas.





Publicado originariamente no jornal O DIA, em 06/12/2015, pag. 18. Link: http://odia.ig.com.br/noticia/opiniao/2015-12-06/joao-batista-damasceno-nem-golpismo-nem-governismo.html

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