Propaganda enganosa governamental
Dispõe o Código de Defesa do Consumidor que a
propaganda faz parte do contrato e obriga o fornecedor. Mas inexiste igual
regra no Código Eleitoral. Daí é que a maior das fraudes eleitorais a
ilegitimar o processo político brasileiro é a diversidade do que se fala em
campanha eleitoral e em propaganda institucional e o que se faz com os direitos
dos cidadãos.
Em 2002, Lula foi eleito para um programa de
governo diferente do que executou quando nomeou o deputado eleito pelo PSDB e
ex-presidente do Bank of Boston, Henrique Meirelles, para a Presidência do
Banco Central visando a executar política neoliberal derrotada nas urnas.
Em 7 de abril de 1931, Dom Pedro II, por contrariar
interesses dos brasileiros, sofreu golpe e teve que abdicar. Em 17 de abril de
2016, o golpe na presidenta Dilma foi dado por forças oligárquicas reacionárias
e corruptos insatisfeitos com a mão de ferro da presidenta, que se equilibrava
entre compromissos políticos, miopia institucional e rigor em desfavor da
‘gatunagem’. O resultado não poderia ser outro. Os interesses ilegítimos se
articularam e promoveram o ‘impeachment’.
Ainda que se considere o vice-presidente legítimo
para suceder em tal circunstância o programa governamental a ser executado,
teria que ser o aprovado nas urnas. O que o governo Temer faz é um estelionato
político, por estar governando com a base política derrotada nas urnas e
implementando projetos rejeitados no processo eleitoral.
A Reforma da Previdência, que pretende subtrair dos
brasileiros o direito à aposentadoria, a Reforma Trabalhista, que será capaz de
precarizar as relações de trabalho e que reduzirá os direitos dos trabalhadores
em favor do capital, a entrega do pré-sal às petrolíferas internacionais e a
entrega das riquezas das terras indígenas a exploradores inescrupulosos são
fatos atentatórios aos direitos do povo brasileiro. Mas o governo mente, a
começar por dizer que a CLT é cópia da Carta Del Lavoro de Mussolini. Uma breve
consulta na internet mostra a diversidade. As terras indígenas e suas riquezas
naturais não são propriedades individuais dos índios que nelas habitam. São
terras públicas, titularizadas pela União, e pertencem a todo o povo
brasileiro. A propaganda do governo decorre de ignorância ou de fraude.
Publicado originariamente no jornal O DIA, em 22/04/2017,
pag. 9. Link: http://odia.ig.com.br/opiniao/2017-04-21/joao-batista-damasceno-propaganda-enganosa-governamental.html
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