“A reforma do ensino imposta por
militares e tecnocratas em 1964, tornada pública em 1966 e oficializada pela
Lei 5.540/68, decorreu do ‘acordo MEC-Usaid’, estabelecido entre o Ministério
da Educação (MEC)e a United States Agency for International Development
(Usaid). O controle da Educação é o controle das consciências. As elites
criaram escolas para seus filhos, ficando os filhos dos trabalhadores nas
escolas públicas cuja qualidade conhecemos.”
Prisões arbitrárias, antissemitismo,
cerceamento das liberdades e torturas maculam a Era Vargas. Sem isto, Getúlio
Vargas haveria de ser lembrado pela organização do Estado Nacional, pela
industrialização, pelos direitos trabalhistas e a CLT, pela Educação pública de
qualidade, pela instituição da Saúde pública e por muitas outras realizações
que perduram até hoje, ainda que dilapidadas por governos posteriores. Na
Baixada temos a abertura dos canais que transformaram pântanos em áreas
agricultáveis e nas quais hoje moram milhares de trabalhadores. Parecendo rios
naturais, muitos foram abertos no Estado Novo. As transformações pelas quais o
Brasil passou na Era Vargas favoreceram o capital, mas igualmente a classe
trabalhadora.
Do golpe empresarial-militar de 1964
podemos dizer o contrário. É lembrado pelas torturas no âmbito dos quartéis,
desaparecimentos de opositores, cassações de mandatos, supressão das garantias
dos juízes, censura e atentados a bomba contra a sociedade. Ainda que isto não
tivesse existido já teria sido uma lástima. O regime implantado em 1964
interrompeu projeto político que visava ao desenvolvimento do Brasil e melhoria
das condições de vida para o povo.
A reforma do ensino imposta por
militares e tecnocratas em 1964, tornada pública em 1966 e oficializada pela
Lei 5.540/68, decorreu do ‘acordo MEC-Usaid’, estabelecido entre o Ministério
da Educação (MEC)e a United States Agency for International Development
(Usaid). O controle da Educação é o controle das consciências. As elites
criaram escolas para seus filhos, ficando os filhos dos trabalhadores nas
escolas públicas cuja qualidade conhecemos.
Além de obstar o caminho para o
desenvolvimento nacional independente, o regime oficializou a truculência. A
militarização da segurança e a política de extermínio de pretos e pobres são
herança deixada pela Escola das Américas, instituição de ensino de tortura e
terrorismo mantida pelos EUA no Panamá, pela qual passaram muitos militares
brasileiros. As escutas clandestinas de conversas telefônicas se naturalizaram
no regime e hoje até secretarias de Administração Penitenciária têm aparelho de
escuta chamado ‘Guardião’, embora não tenham poderes investigatórios e não
possam pedir autorização judicial para legalmente promover interceptação de comunicação.
O entulho do regime autoritário de
1964 não foi removido e com seus métodos os agentes do capital se impõem, falam
em segurança e fingem se comover com uma mãe morta e arrastada por um camburão.
Publicado
originariamente no jornal O DIA, em 23/03/2014, pag. 18.
Nenhum comentário:
Postar um comentário