“Apesar da crise, o lucro do Banco Itaú em
2015 deverá superar R$ 20 bilhões. O ódio que se difunde advém de parcela da
classe média que perdeu a exclusividade. E com ela faz coro o presidente da
Câmara dos Deputados apoiado por parlamentares de igual expressão intelectual e
conduta ética”.
No filme ‘Encouraçado Potemkin’, uma
cena é emblemática: a aristocracia russa se preparara para entregar o poder aos
bolcheviques que haviam tomado ruas e pontos estratégicos de Moscou. Reunidos
num salão luxuoso à espera do ultimato para a passagem do poder, um dos
aristocratas sugere aos demais “uma recepção com dignidade”. Mas a massa invade
o salão estapeando os presentes e subindo nas mesas. A classe dominante é
educada para manter a fidalguia mesmo na pior das adversidades.
Um clássico dessa arrogância é o
príncipe espanhol Dom Rodrigo, que, condenado à forca, se portou com tamanha
frieza diante dos xingamentos do povo, que gerou a expressão “soberbo como
Rodrigo a caminho do cadafalso”. Igual comportamento teve Washington Luís, de
quem Getúlio Vargas fora ministro da Fazenda, quando de sua deposição em 1930.
A conciliação que sempre se
estabeleceu entre a classe dominante se fez com fidalguia, deixando ao povo o
mesmo papel que tem nas arquibancadas dos estádios de futebol, enquanto os
cartolas recolhem os lucros do campeonato.
No Brasil a ascensão de um partido
com discurso tendente aos interesses populares pôs em polvorosa setores da
classe média, que se diferenciava por algumas exclusividades. A expansão do
setor aéreo foi achincalhada com o argumento de que os aeroportos virariam
rodoviárias. E era verdade.
Uma passagem de avião chegou a custar
metade de uma passagem de ônibus para o mesmo destino, demonstrativo dos ganhos
dos barões do transporte rodoviário. Durante o julgamento do Mensalão, um
senador disse que era hora de expulsar “esta raça da política por 30 anos”.
Para ele política não era coisa para setores populares.
O modelo discursivo que implicou
subtração dos interesses dos trabalhadores e conciliação para manutenção dos
interesses da classe dominante esgotou-se e já não garante governabilidade. Mas
a classe dominante não pede o impeachment da presidenta Dilma, pois nunca na
história deste país viveu dias tão confortáveis.
Apesar da crise, o lucro do Banco
Itaú em 2015 deverá superar R$ 20 bilhões. O ódio que se difunde advém de
parcela da classe média que perdeu a exclusividade. E com ela faz coro o
presidente da Câmara dos Deputados apoiado por parlamentares de igual expressão
intelectual e conduta ética.
Publicado originariamente no jornal O
DIA em 18/10/2015, pag. 18. Link: http://odia.ig.com.br/noticia/opiniao/2015-10-17/joao-batista-damasceno-a-classe-dominante-nao-deseja-o-impeachment.html
Um questionamento sobre esse artigo. Em suma, o sr. avalia que a classe dominante não quer o impedimento político de Dilma porque vem lucrando horrores nos governos petistas, citando como exemplo, os bancos privados, mas também estão nessa lista as construtoras [lava jato prova isso], também as empresas de distribuição de energia, etc. E quem quer o fim da sequência dos governos petistas são a alta classe média que não é mais o alvo principal das políticas do governo federal, e muitas vezes nem mesmo de qualquer política, e os IMPUNES milicos de Direita, saudosos da Ditadura, e obsessivamentes, compulsivamentes e doentementes, anti-comunistas.
ResponderExcluirPorém, o sr esqueceu uma das mais poderosos integrantes da classe dominante [talvez o setor mais poderoso, apenas atrás dos banqueiros], e que também representa "muito bem" o pensamento PRECONCEITUOSO, ANTI-DEMOCRÁTICO E GOLPISTA sim da classe dominante. Falo do OLIGOPÓLIO MIDIÁTICO PRIVADO MANIPULADOR, liderado pelos poderosos Grupo Globo Audiovisual de Manipulação e Editora Abril de Desinformação.
O Oligopólio Midiático Privado Manipulador SEMPRE SABOTOU O AVANÇO DEMOCRÁTICO do país [Golpe contra vitória de Brizola no RJ em 82, escondeu as Diretas Já em 84, Apoiou o golpe eleitoral de Sarney em 86 p/ eleger conservadores na Assembleia Constituinte, manipulou o debate do 2º turno de 89, apoiou Collor até o último ato, etc]. E isso ocorreu também quando estourou o escândalo do mensalão contra o PT e continua sabotando a democracia. O Oligopólio Midiático Privado Manipulador SEMPRE APOIOU qualquer fato político, eleitoral ou não, que levasse a interromper as vitórias eleitorais do PT [mesmo de um PT que serve à maioria dos interesses da classe econômica dominante]. Então, esse setor econômico da classe dominante quer a interrupção da sequência de vitórias eleitorais do PT sim e apoia qualquer ação que leve a isso. Já vemos que a Globo, Veja e etc não têm escrúpulos para vender a ideia ilegal do Golpe Civil, do Impedimento político. O que eu lembro como fatos sobre o Oligopólio Midiático Privado Manipulador apoiar integralmente o Golpe Civil, o sr. acha que tem lógica e é realista ou não?