“O
delegado já prestou muitos serviços. Foi o responsável pela criminalização de
manifestantes nas Jornadas de Junho de 2013. Teve o apoio da então chefe de
polícia, hoje deputada Martha Rocha, em sua atuação contra a sociedade. Mas o
apoio lhe faltou, tanto da antiga chefe quanto do atual, que, depois de ver o
perigo que corria, retirou a escada e o deixou pendurado no pincel. Resultado:
a gravidade do que afirmara e fizera promoveram sua queda”.
Isaac Newton é um filósofo que marca
a Idade Moderna. Viveu e pensou os problemas do seu tempo e, diferentemente dos
antecessores, que atribuíam a divindades as ocorrências no mundo natural,
indagou das causas e efeitos dos fenômenos. É dele a conceituação da Lei da
Gravidade, força que atrai os corpos para o centro da Terra. Teria passado a
pensar sobre tal fenômeno ao ver uma maçã cair da árvore.
Ao longo da semana, a gravidade em
certas situações também promoveu quedas. Não a gravidade estudada por Newton e
depois por Einstein. Mas anomalias de natureza grave na administração pública.
De ministros do presidente interino à mulher do deputado afastado Eduardo Cunha
não há espiral ascendente, mas queda em parafuso. Em queda livre caíram o
Japonês da Federal e o titular da DRCI, que negava a existência de crime de
estupro coletivo contra adolescente, com o apoio do chefe de Polícia.
A prisão do Japonês da Federal e a
exoneração do delegado são demonstrações de que a contribuição com as anomalias
dos superiores hierárquicos somente produzem prestígio enquanto não se cai em
desgraça. O Japonês exibiu-se nas operações espetaculosas a serviço do juiz
Sérgio Moro e posou nas manifestações em prol do impeachment, bem como ao lado
de políticos conservadores e oportunistas que pugnavam pelo afastamento da
presidente eleita. Mas era acusado de facilitação a contrabando.
O delegado da DRCI negou o estupro
coletivo, e o Chefe de Polícia endossou sua opinião, na esperança de que
perícia pudesse ratificar o que se afirmava. Perícias comprovam fatos, mas
laudos podem justificar versões. Farsas não faltam. O Caso Amarildo é um deles
e no Caso Juan uma perita afirmou que o corpo era do sexo feminino. Uma segunda
perícia desmontou a farsa.
O delegado já prestou muitos
serviços. Foi o responsável pela criminalização de manifestantes nas Jornadas
de Junho de 2013. Teve o apoio da então chefe de polícia, hoje deputada Martha
Rocha, em sua atuação contra a sociedade. Mas o apoio lhe faltou, tanto da
antiga chefe quanto do atual, que, depois de ver o perigo que corria, retirou a
escada e o deixou pendurado no pincel. Resultado: a gravidade do que afirmara e
fizera promoveram sua queda.
Publicado
originariamente no jornal O DIA, em 12/06/2016, pag. 18. Link: http://odia.ig.com.br/opiniao/2016-06-11/joao-batista-damasceno-a-gravidade-e-as-quedas.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário