“O homicídio contra
o professor da UERJ Marcus Flávio do Amaral Vasconcellos, Pingo, foi registrado
na Delegacia Policial como lesão corporal. O carro no qual viajava parou num
sinal, no Méier, atrás de outro que estava sendo assaltado. Dois indivíduos que
davam cobertura ao assalto devem ter acreditado que os professores eram policiais
e disparavam contra o carro com tal intensidade que o seguro lhe deu perda
total. O motorista foi atingido na testa de raspão e o professor Pingo levou um
tiro na nuca. Hospitalizado, o professor permaneceu no CTI por 18 meses até
falecer no domingo, dia da eleição. Mesmo que o professor tivesse sobrevivido o
crime seria homicídio em sua modalidade tentada. Jamais lesão corporal, como se
registram para mascarar estatísticas”.
O fracasso da
política de segurança instituída no Rio de Janeiro chamada em 2007 de polícia
de confronto pelo secretário Beltrame - e que intelectuais e artistas, naquela
época, qualificaram em manifesto como política de extermínio – tem sido dolosamente
mascarado pelos registros e estatísticas oficiais. Por isso o governo não
liberou os dados para pesquisa sobre desaparecidos do projeto ‘Somos todos
Amarildo’.
Na história da
violência no Rio de Janeiro os agentes do Estado sempre estiveram um degrau
acima. A militarização da polícia, sua cadeia de comando e o sistema de justiça
que a protegeu elevou os patamares da violência urbana. Um criminoso encurralado
pelos agentes do Estado não mais se rende, porque sabe: irá morrer. Por isso causa
danos antes de ser exterminado. Já não existe a clássica expressão que valia
tanto para policiais quanto para criminosos: “Perdi!”. Isto possibilitava ao policial
desarmar o criminoso e prendê-lo ou a este liberar o policial para que,
desarmado, partisse. A vida era preservada. A política de segurança do Estado é
matar ou morrer. Mas, dentre os policiais somente morrem os praças; nenhum
oficial em serviço.
O homicídio contra
o professor da UERJ Marcus Flávio do Amaral Vasconcellos, Pingo, foi registrado
na Delegacia Policial como lesão corporal. O carro no qual viajava parou num
sinal, no Méier, atrás de outro que estava sendo assaltado. Dois indivíduos que
davam cobertura ao assalto devem ter acreditado que os professores eram policiais
e disparavam contra o carro com tal intensidade que o seguro lhe deu perda
total. O motorista foi atingido na testa de raspão e o professor Pingo levou um
tiro na nuca. Hospitalizado, o professor permaneceu no CTI por 18 meses até
falecer no domingo, dia da eleição. Mesmo que o professor tivesse sobrevivido o
crime seria homicídio em sua modalidade tentada. Jamais lesão corporal, como se
registram para mascarar estatísticas.
Está chegando
ao fim a gestão do secretário Beltrame. Felizmente! Mas, seu legado será
lamentável. O que nos resta é romper com tal legado e instituirmos outra
política de segurança que possibilite a humanização das relações sociais, a
valorização da vida dos que morrem – policiais e população - nos confrontos, o enfraquecimento
das milícias e apropriação pública pelo que é público.
Nenhum comentário:
Postar um comentário