Fato social é um
conceito sociológico que diz respeito às maneiras de agir dos indivíduos de um
determinado grupo e da humanidade em geral. Os fatos sociais moldam a maneira
de agir das pessoas pela influência que exercem sobre elas. São conjuntos de
hábitos sociais que influenciam os comportamentos individuais. Os fatos sociais
são hábitos sedimentados no seio das sociedades. Diferem do efeito manada ou
comportamento de rebanho, que igualmente tem sido objeto de estudos para
compreender o porquê de determinados comportamentos humanos.
Efeito manada é a
tendência humana de repetir ações de pessoas influentes, por se acreditar no
caminho indicado pelo líder. O nome é dado graças à semelhança com o que ocorre
no reino animal, especialmente com espécies que vivem em comunidades. O efeito
manada ocorre quando todos os integrantes de um grupo partem numa mesma
direção, seguindo os indivíduos considerados mais fortes. Em muitos casos, este
comportamento é motivado pela necessidade de proteção, porque, juntos, estes
animais têm mais chances de sobreviver ao ataque de um predador. Mas, quando
ocorre com os humanos, os efeitos podem não ser tão positivos.
Diversamente do
efeito manada, o comportamento de manada é um termo usado para descrever
situações em que indivíduos em grupo reagem todos da mesma forma, embora não
exista direção planejada. Igualmente o termo designa comportamento animal. Por
analogia também se aplica ao comportamento humano, em contexto de desinformação
e incertezas.
Em tempo de
difusão de um vírus estranho aos nossos organismos, as incertezas, a
desinformação e a politização de assunto técnico têm propiciado comportamentos
estranhos de indivíduos que se acreditam racionais. Assim, tem sido o
tratamento a ser dado diante da difusão do coronavírus. A informação e a
racionalidade são os melhores meios de evitar os efeitos danosos da pandemia.
Quando da
pandemia de Gripe Espanhola em 1918, que matou o presidente Rodrigues Alves,
igualmente as opções médicas se misturaram com as opções políticas. A 1ª Guerra
Mundial durou de 1914 a 1918 e matou 8 milhões de pessoas. A Espanha não esteve
na guerra e a imprensa pode divulgar a pandemia. Daí o mundo acreditou que o
vírus era espanhol. Mas, foi levado para a Europa por soldados estadunidenses.
Nos países em guerra a imprensa foi censurada e proibida de falar do vírus, o
que também foi sugerido no Brasil. A falta de informação ajudou a difusão
daquela pandemia e propiciou a morte de 20 milhões de pessoas, em três meses!
Diante de uma
situação como a que vivemos as opções políticas são: promover isolamento social
e cuidar para que o menor número de pessoas se infecte ou deixar que todos se
infectem, para que apenas os mais fortes sobrevivam e, com o vírus atenuado,
imunizem os demais. Esta última opção é a chamada imunidade coletiva. Seu
oposto é o isolamento social. As duas opções políticas têm seus efeitos, seja
na ordem econômica ou no grau de letalidade.
Mas, o tratamento
a ser ministrado aos doentes não é opção política. Somente os médicos podem
indicar o que deve ser feito. O serviço prestado por um médico não é atividade
de resultado, mas de meio. O melhor tratamento pode não resultar no efeito
desejado. Mas, o melhor ao alcance do médico tem que ser ministrado. Dos
médicos se exige que diagnostiquem o mal e lhe dê o tratamento mais adequado.
Cloroquina pode ajudar? Talvez. Não há estudo comprovando o efeito. Mas, em
alguns casos pode ser prejudicial. Cabe ao médico decidir. Neste momento, até
reza pode ajudar um doente que acredite, aumentando sua autoestima e imunidade.
Mas, a técnica médica há de ser fundada na ciência e, fora dela, os efeitos
danosos podem resultar em responsabilidade por erro médico.
Publicado originariamente
no jornal O DIA, em 11/04/2020. Link: https://odia.ig.com.br/opiniao/2020/04/5897451-joao-batista-damasceno--coronavirus-e-efeito-manda.html
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