Hoje, 13 de maio de 2021, rememoramos 140 anos do nascimento de Lima
Barreto e 30 anos da fundação da Associação Juízes para a Democracia/AJD.
Lima Barreto inaugurou no Brasil a literatura dos excluídos. Ele tem a
primazia da literatura da negritude no Brasil. É um autor denso. Muito denso!
A história registrada em correspondência entre Lima Barreto e seu amigo e
editor Monteiro Lobato é uma das mais importantes leituras que já fiz.
Sem Lima Barreto e Machado de Assis (dois afrodescendentes que não se
cumprimentavam) a literatura brasileira não teria toda a importância que tem.
A AJD, nesta data, comemora seus 30 anos e está lançando um livro
contendo “estórias”. Mas o livro é uma fantasia. No que se refere ao núcleo da
AJD-RIO não tem uma linha aproveitável. Os dirigentes da entidade que
remanesceram na Coordenação Nacional da AJD, depois da renúncia da maioria dos
membros do Conselho, contrataram um ‘jornalista profissional’ que não conhece a
história da entidade, nem os membros da associação. Ele ouviu alguns associados
por telefone ou plataformas digitais e adotou as histórias ouvidas, que não
necessariamente expressam a história da entidade.
No caso do Rio de Janeiro foi tomado como referência o depoimento de um
único associado, um valoroso companheiro, que contou sua história de
compromisso com a democracia e o Estado de Direito, mas que não se confunde com
a história do núcleo fluminense. Com honestidade intelectual o narrador contou
sua história que conhecemos e o ‘jornalista profissional’ a tomou como sendo a
história da AJD-RIO, sem consulta à farta documentação colocada à sua
disposição.
O livro é sofrível e presta um desserviço à história da AJD. Mas, faremos
outro. A história da AJD é o que ela faz e o que fizeram – coletivamente - os
seus associados comprometidos com a realização de uma justiça substancial e não
apenas formal. A história da AJD é a história da AJD e não a narrada no
sofrível livro.
É uma pena que as pessoas que remanescem na direção da AJD não tenham
tido o cuidado de uma revisão antes da publicação ou uma retificação antes da
divulgação da obra.
Há erros graves quanto aos eventos havidos.
Mas no final do mês faremos uma eleição e acredito que o novo Conselho
eleito haverá de retificar os erros históricos que constam do livro.
O lamentável é que no futuro alguém no futuro poderá tomar este livro
como referência para estudo da resistência no seio da magistratura e estará
estudando uma ‘estória’ narrada sem qualquer relação com os fatos efetivamente
havidos e documentados.
Escrevo o presente texto para possibilitar aos que se interessarem pelo
livro e pela história da ADJ que busquem outras fontes complementares.
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