A truculência da polícia do estado contra professores é apenas mais uma
das que se praticam contra a sociedade
A truculência da polícia do estado
contra professores é apenas mais uma das que se praticam contra a sociedade. É
forma de impedir que floresça, na primavera, o projeto dos educadores, que não
é apenas salário, mas educação pública de qualidade, coisa que governos
subordinados aos interesses dos ‘senhores do engenho contemporâneo’ não
aceitam. E não poderiam aceitar, pois contrapõe aos seus interesses.
O educador Paulo Freire disse que
“seria atitude muito ingênua esperar que a classe dominante desenvolvesse uma
educação de forma que permitissem aos dominados perceberem as injustiças
sociais de forma crítica”.
Quando o coronel Jarbas Passarinho
era ministro da Educação de Médici, Lauro de Oliveira Lima escreveu um livro
com o sugestivo nome de ‘Estórias da educação no Brasil: de Pombal a
Passarinho’. A questão sempre foi: quem dirigirá a Educação, quem serão os
educadores, quem será educado e para que se educará? No Império e República
Velha os filhos da elite eram formados pela Igreja ou em escolas europeias,
para onde iam a fim de se socializarem para o colonialismo cultural.
A Revolução de 30 retomou o dilema:
quem educará os filhos do povo no país em transformação? A Igreja pretendeu a
função, a fim de formar ao seu modo. Mas Getúlio Vargas optou pela educação
pública, republicana e única capaz de formar cidadãos com valores comuns, e
foram criados Institutos de Educação, escolas diversas e Universidades
Federais. O educador Anísio Teixeira desenvolveu projeto educacional, e Darcy
Ribeiro também teve o seu papel.
Na atualidade, desmontam-se os
direitos dos trabalhadores no Brasil e extinguem a educação pública de
qualidade para os seus filhos. Escolas particulares formam grupos e segmentos
da elite, com visões particularizadas. É proposital o desmonte do ensino
público que formaria cidadãos qualificados, capazes da transformação social. O
que os governantes desejam oferecer aos filhos dos trabalhadores não é
Educação. Mas apenas merenda e diploma.
Publicado
originariamente no jornal O DIA, em 02/10/2013, pag. 18.
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