Nas
eleições de 2012 para prefeito de Nova Iguaçu vivenciei de perto estas
manobras. O PR, de Garotinho, havia deliberado apoiar o DEM. Mas uma convenção
dissidente do PR municipal decidiu apoiar o PMDB e indicou o vice da chapa.
Houve intervenção estadual no PR municipal. A Zona Eleitoral por mim
titularizada deveria fazer os registros. Mas o TRE, por suas razões, preferiu
outra zona. A juíza do registro deferiu a coligação DEM-PR, mas o TRE reformou
a decisão e registrou a chapa PMDB-PR, deixando o candidato do DEM sem vice,
sem registro e sem horário na TV.
A
três dias da eleição o TSE restabeleceu a decisão da juíza, determinou o
registro da chapa DEM-PR, determinou ao PMDB escolhesse vice de outro partido
da coligação e a nós juízes que ficássemos sem dormir para reinseminar as
urnas. No dia da eleição, ao fim da tarde, o candidato do PMDB entrou num
restaurante acompanhado de familiar de membro do TRE, para espanto de muitos
dos juízes que lá almoçavam e que desconheciam os meandros da politizada
Justiça Eleitoral brasileira.
A atuação da direção do Partido
Democrata em prol da escolha de Hilary Clinton para candidata a presidente dos
Estados Unidos, em detrimento de Bernie Sanders, causou desconforto em quem
esperava imparcialidade. Nos EUA os candidatos são escolhidos pelos filiados, e
a direção partidária apenas organiza a eleição interna.
As instituições importadas dos EUA
não se adaptaram à realidade brasileira. No Brasil os partidos têm donos. Em
1998 a direção nacional do PT repudiou a candidatura de Vladimir Palmeira ao
governo do Rio, interveio no diretório estadual e impôs apoio a Garotinho.
Quando Miguel Arraes quis tirar Garotinho do PSB, promoveu um recadastramento
dos filiados e não o incluiu. No PMDB, Garotinho quis ser candidato a
presidente da República. Mas um ministro do STJ com pretensões eleitorais no
Maranhão garantia liminares à direção do partido, sem que fosse em grau
recursal, em prejuízo do postulante.
Para ser candidato no Brasil, o
aspirante há de vencer os donos dos partidos, subordinar-se à máquina
partidária, driblar as perseguições do jornalismo politizado e passar pelas
peneiras da Justiça Eleitoral. Mas a vitória não garante diplomação, posse ou
mandato. Mídia e Justiça podem se converter em terceiro turno.
Nas eleições de 2012 para prefeito de
Nova Iguaçu vivenciei de perto estas manobras. O PR, de Garotinho, havia
deliberado apoiar o DEM. Mas uma convenção dissidente do PR municipal decidiu
apoiar o PMDB e indicou o vice da chapa. Houve intervenção estadual no PR
municipal. A Zona Eleitoral por mim titularizada deveria fazer os registros.
Mas o TRE, por suas razões, preferiu outra zona. A juíza do registro deferiu a
coligação DEM-PR, mas o TRE reformou a decisão e registrou a chapa PMDB-PR,
deixando o candidato do DEM sem vice, sem registro e sem horário na TV.
A três dias da eleição o TSE
restabeleceu a decisão da juíza, determinou o registro da chapa DEM-PR,
determinou ao PMDB escolhesse vice de outro partido da coligação e a nós juízes
que ficássemos sem dormir para reinseminar as urnas. No dia da eleição, ao fim
da tarde, o candidato do PMDB entrou num restaurante acompanhado de familiar de
membro do TRE, para espanto de muitos dos juízes que lá almoçavam e que
desconheciam os meandros da politizada Justiça Eleitoral brasileira.
Publicado
originariamente no jornal O DIA, em 24/09/2016, pag. 11. Link: http://odia.ig.com.br/noticia/opiniao/2016-09-24/joao-batista-damasceno-midia-e-justica-nas-eleicoes.html