“No Brasil se desmonta o projeto
de Brasil para os brasileiros. Mas Fidel Castro liderou a maior referência de
soberania e afirmação de nacionalidade do povo latino-americano; foi um Davi
que venceu Golias. Por sua ação e de seus companheiros, Cuba deixou de ser
cassino e bordel dos magnatas estadunidenses. A máfia, expulsa de Cuba, aplicou
seus recursos em empresas de comunicação na América do Sul e por seus
noticiários lhe difamam. Fidel é referência para os que lutam por um país
soberano e assombra os que entregam as riquezas do povo em troca de assento na
mesa da Casa Grande da banca internacional”.
2016 será marcado como o ano das
tragédias institucionais no Brasil. Depois do golpe na presidenta eleita, da
invasão da Câmara dos Deputados por facções totalitárias e da tomada da Alerj
por agentes públicos armados — que afirmavam ser donos do Estado porque
concursados e estáveis enquanto os deputados são renováveis a cada quatro anos
—, tivemos a brutal repressão em Brasília aos estudantes (que protestavam
contra a PEC 55), a chantagem de membros do MP ao Legislativo (porque não aprovou
suas proposições) e a aprovação na Câmara da criminalização de juízes (por suas
opiniões e exercício da jurisdição). Neste surto institucional, no Brasil,
perdemos Modesto da Silveira, advogado desassombrado que enfrentou a ditadura
empresarial-militar, e Fidel Castro, em Cuba.
No Brasil se desmonta o projeto
de Brasil para os brasileiros. Mas Fidel Castro liderou a maior referência de
soberania e afirmação de nacionalidade do povo latino-americano; foi um Davi
que venceu Golias. Por sua ação e de seus companheiros, Cuba deixou de ser
cassino e bordel dos magnatas estadunidenses. A máfia, expulsa de Cuba, aplicou
seus recursos em empresas de comunicação na América do Sul e por seus
noticiários lhe difamam. Fidel é referência para os que lutam por um país
soberano e assombra os que entregam as riquezas do povo em troca de assento na
mesa da Casa Grande da banca internacional.
As mortes de Modesto da Silveira
e de Fidel os fazem deixar de ser presenças e os transformam em referências
permanentes. O impacto de suas mortes são seus legados. Com Fidel, aprendemos
que não adianta chegar aos cargos apoiado em velhas forças. As transformações
sociais somente foram possíveis em Cuba porque recusou o apoio do Exército de
Batista para chegar ao poder; derrotou o Exército de Batista e se assentou nas
forças do povo.
Hoje milhões de crianças dormirão
nas ruas; nas periferias, vidas de jovens negros e pobres serão violentamente
exterminadas, e milhões sentirão a falta da implementação dos direitos à saúde
e à educação ou morrerão por causa disto. Mas nenhuma destas pessoas estará em
Cuba. Isto é o que Modesto da Silveira também queria para os brasileiros e para
tanto dedicou sua vida na luta. A maior homenagem a este notável advogado do
povo será continuarmos suas batalhas.
Publicado originariamente no
jornal O DIA, em 03/12/2016, pag. 13. Link: http://odia.ig.com.br/opiniao/2016-12-03/joao-batista-damasceno-as-faltas-de-modesto-e-de-fidel.html