“Quem estuda a violência na Região
Metropolitana do Rio de Janeiro e acompanha as fases nas quais se desenvolveu
identifica, desde os anos 70, que a atuação dos esquadrões da morte, grupos de
extermínio, justiceiros e milicianos decorre de serviços prestados a quem
contrata segurança. No fim do ano passado, a Secretaria Estadual de Governo
firmou parceria com a Fecomércio visando a instalar patrulhamento privado em
áreas públicas, ao custo de R$ 44 milhões. A ideia, que não passara pela
análise do secretário de Segurança, foi por ele classificada como ‘milícia
oficial’. Hoje enfraquecido, aceitou e elogia a iniciativa dos empresários que
usurpam função pública em benefício privado. Entre a capitulação do secretário
e sua manutenção em estado vegetativo é melhor que o governo lhe construa uma
saída honrosa”.
O governo precisa construir,
urgentemente, uma saída honrosa para o secretário de Segurança, José Mariano
Beltrame. Originário do Rio Grande do Sul, a exemplo de outros que adquiriram
notoriedade na área de Segurança e se candidataram a cargo eletivo, é possível
que também tenha pretensões eleitorais neste estado. Porém, eleição para cargo
federal somente em 2018. Será penoso manter o secretário sangrando por tanto
tempo, diante da derrocada dos projetos por ele implantados.
Em 2007, ‘especialistas em segurança’
propuseram a aventura das UPPs, como se as relações sociais que margeiam a
rigidez do sistema legal pudessem ser controladas por ocupações militares. O
fenômeno da criminalidade se relaciona a práticas sociais, e determinados meios
o tornam propício. O sistema de justiça é incapaz de eliminar práticas sociais
definidas como crime, mesmo com atuação marcante de agentes públicos em
prejuízo de alguns indivíduos.
A crença de que política pública
militarizada poderia desarticular a venda de substâncias proibidas pelo estado
acabou por expor a vida de policiais a confronto e entregar a outros a
exploração de atividades econômicas informais estabelecidas no vácuo da
ineficiência, tais como distribuição de gás, TV a cabo, energia elétrica,
depósitos de bebidas e transporte alternativo. Com a ilusão das UPPs vieram as
obras faraônicas, tipo teleféricos, em benefício tão somente de quem as
projetou, executou ou faz a manutenção.
Quem estuda a violência na Região
Metropolitana do Rio de Janeiro e acompanha as fases nas quais se desenvolveu
identifica, desde os anos 70, que a atuação dos esquadrões da morte, grupos de
extermínio, justiceiros e milicianos decorre de serviços prestados a quem
contrata segurança. No fim do ano passado, a Secretaria Estadual de Governo
firmou parceria com a Fecomércio visando a instalar patrulhamento privado em
áreas públicas, ao custo de R$ 44 milhões. A ideia, que não passara pela
análise do secretário de Segurança, foi por ele classificada como “milícia
oficial”.
Hoje enfraquecido, aceitou e elogia a
iniciativa dos empresários que usurpam função pública em benefício privado.
Entre a capitulação do secretário e sua manutenção em estado vegetativo é
melhor que o governo lhe construa uma saída honrosa.
Publicado
originariamente no jornal O DIA, em 28/02/2016, pag. 18. Link: http://odia.ig.com.br/opiniao/2016-02-27/joao-batista-damasceno-uma-saida-honrosa-para-beltrame.html