No Encontro da AJD ‘Diálogos e Alteridade’ em Salvador, no ano de 2008, conversamos com J.J. Calmon de Passos. Eu gostaria de ter o autógrafo do processualista. Na véspera do encontro percorri a pé toda a cidade de Salvador em busca de uma livraria procurando um livro do professor.
Descobri que em São Salvador não
havia livrarias. Nenhuma, com exceção da Forense que vendia livros próprios!
Em Salvador, em 2008, não havia
uma única livraria. Somente papelarias onde também se vendiam livros didáticos.
Fui a sebos. Conheci o Sebo do Brandão, no alto de um morro. Brandão, de quem
já havia comprado livros pela Estante Virtual, me recepcionou muito bem, mas
não tinha nenhum livro de J.J. Calmon de Passos. Ele queria me vender um exemplar
original da tese do professor. Mas, queria que eu desse todo o dinheiro que
tinha na carteira, o cartão de crédito com a senha, o talonário de cheques já
assinado em branco, um rim e uma córnea. Não foi possível adquirir aquele
exemplar raro. Contentei-me com as conversas e as fotos.
Ao chegar ao Rio de Janeiro
separei os livros do professor para quando o encontrasse no futuro pedir o
autógrafo. Mas, ele morreu na semana subsequente ao nosso encontro.
A partir daquele ano passei a
olhar para a grandiosidade das cidades em razão da existência de bibliotecas
públicas e livrarias.
No dia seguinte ao encontro com
J.J. Calmon de Passos fomos a um terreiro que sofria assédio de igrejas
neopentecostais.
Aquele terreiro fazia 100 anos e
na data comemorativa fora tombado. Representava a resistência que também
exercitamos.
Maurício Brasil, juiz que
coordenava o núcleo da AJD na Bahia, diz: “Foi um dia histórico para a AJD, a 1ª
vez que o conselho executivo sobe o morro, visita um terreiro de candomblé e é
recebido com um café da manhã regado com a história do terreiro contada pelo sábio
do Tumba Junçara. Foi o que fiz de melhor na minha gestão. Axé”.
Fui ao terreiro com a camisa do
América F.C., vermelha e branca. Mas o time era tão ruim que Xangô, por
justiça, não lhe poderia ajudar a vencer. Há coisas tão difíceis que são
impossíveis até para Xangô. Nem com raios e trovoadas Xangô conseguiu ajudar o
América. Mas, a rua Campos Sales ficou toda inundada.
Amei!
ResponderExcluirEliete Ferrer