O assassinato do jornalista Apulcro de Castro, por Moreira César (1883)
Apulcro de Castro era redator-responsável do jornal "Corsário"
e foi assassinado por um grupo de militares na rua do Lavradio, no centro da cidade do Rio de Janeiro. Anos mais tarde, Euclides da Cunha registrou à página 297 de "Os sertões" (1ª ed.) o episódio, que envolveu o jovem Moreira César:[3]
“ |
Foi
em 1883. Um jornalista, ou melhor, um alucinado, criara, agindo libérrimo
graças à frouxidão das leis repressivas, escândalo permanente de insultos
intoleráveis na Côrte do antigo império; e tendo respingado sobre o Exército
parte das alusões indecorosas, que por igual abrangiam todas as classes, do
último cidadão ao monarca, foi infelizmente resolvido por alguns oficiais,
como supremo recurso, a justiça fulminante e desesperadora do linchamento. Assim
se fez. E entre os subalternos encarregados de executar a sentença figurava,
mais graduado o capitão Moreira Cesar, ainda moço, à volta dos 30 anos, e em
cujos assentamentos havia já, averbados, merecidos elogios por várias
comissões exemplares cumpridas. E foi o mais afoito, o mais impiedoso, o
primeiro talvez no esfaquear pelas costas a vítima, exatamente na ocasião em
que ela, num carro, sentada ao lado de autoridade superior do próprio
exército se acolhera ao patrocínio imediato das leis… O atentado acarretou-lhe a transferência para Mato Grosso, e dessa "Sibéria" canicular do nosso exército, tornou somente após a proclamação da República". |
- Fonte: Leopoldo M. Bernucci (2001). Ateliê Editorial, ed. Os Sertões: Campanha de Canudos. Edição comentada de Os Sertões, de Euclides da Cunha. [S.l.: s.n.] p. 425. ISBN 8574800139
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