No contexto à repressão ao arraial de Canudos, a chamada Campanha de Canudos, após o fracasso de duas incursões militares, o baiano Manuel Vitorino, presidente interino do Brasil, nomeou o coronel Moreira César para comandar uma terceira expedição militar. Vitorino na época era o vice-presidente da República, mas exercia interinamente a presidência no lugar de Prudente de Morais, que estava afastado por motivo de saúde.[1] A primeira fora comandada pelo tenente Manuel da Silva Pires Ferreira (1859 - 1925), tendo sido batida em Uauá (novembro de 1896), e a segunda pelo Major-fiscal Febrônio de Brito (1850 - ?), batida, por sua vez, em Tabuleirinho (janeiro de 1897).
Moreira
César partiu do Rio de Janeiro para a Bahia em 3 de fevereiro de 1897,
aportando em Salvador a
6 do mesmo mês. No dia seguinte partiu para Queimadas,
onde chegou no dia 8 pela manhã, por trem expresso. Temendo que os sertanejos
abandonassem o arraial, intensificou os preparativos para a partida da tropa em
direção a Monte Santo. O seu efetivo era composto por mil e trezentos
homens, seis canhões Krupp,
cinco médicos, dois engenheiros militares, ambulâncias e um comboio cargueiro
com munições de guerra e de boca.
Antes
de acampar em Monte Santo, onde estabeleceu a segunda base de operações, Moreira
César sofreu uma crise epiléptica, que se repetiria, com mais
brandura, na Fazenda Lajinha, entre Monte Santo e Vila do Cumbe (atual Euclides da Cunha). Em Cumbe mandou prender o vigário local,
padre Vicente Sabino dos Santos,
sob a acusação de partidário de Conselheiro. O religioso foi solto
posteriormente, por interferência do Estado-maior.
Próximo
ao arraial de Canudos a expedição foi atacada por piquetes de homens de
Conselheiro, sem que porém tenha havido enfrentamento.
No dia 2 de março a coluna militar avançou
sobre o Rancho do Vigário, a dezenove quilômetros de Canudos. Moreira César
pretendia aproximar-se do arraial, permanecer um dia nas vizinhanças das
margens do rio Vaza-Barris, bombardear a povoação e em seguida conquistá-la
com a sua infantaria.
Na
manhã do dia 3 Moreira César mudou subitamente de idéia, optando pelo ataque
imediato. O arraial foi duramente castigado pelas peças de artilharia. O
assalto final teve início após o meio-dia. Os defensores de Canudos
defenderam-se a tiros a partir das igrejas velha e nova. Nos primeiros momentos
as forças do exército conseguiram invadir o arraial e conquistar algumas casas.
Foram, contudo, obrigadas a recuar, devido à pouca munição.
Após
cerca de cinco horas de combate, Moreira César foi ferido no ventre, quando se
preparava para ir à frente de batalha incentivar a tropa. Atendido pelos médicos,
estes constataram tratar-se de ferimento mortal. O comando foi transferido ao
coronel Pedro Tamarindo.
Após
mais de sete horas de combate encarniçado, o coronel Tamarindo decidiu recuar.
Moreira César faleceu doze horas após haver sido atingido, na madrugada de 4 de
março de 1897, protestando que Canudos fosse uma vez mais atacado. Em reunião
de oficiais, às 23 horas da noite anterior, fora decidida a retirada, dado o grande
números de feridos. Moreira César mandou constar em ata que, se saísse vivo da
guerra, pediria a exoneração do exército.
A
retirada constitui-se uma das situações mais críticas em que o exército
brasileiro esteve envolvido, uma vez que, batido, foi obrigado a percorrer os
cerca de duzentos quilômetros que separam Canudos de Queimadas, primeira base
de operações da tropa.
O
ataque mal sucedido ordenado por Moreira Cesar é atribuído a seus constantes
ataques de epilepsia. Estudos foram documentados por Elza Márcia Targas
Yacubian como um dos casos em que a epilepsia mudou o rumo da história.
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