“O
desporto pode ter motivo educacional, com a finalidade de alcançar o
desenvolvimento da pessoa e formação para o exercício da cidadania e a prática
do lazer; pode ser desporto de participação, com a finalidade de contribuir
para a integração dos praticantes na vida social, na promoção da saúde e
educação e na preservação do meio ambiente; pode ser desporto de formação, com
o objetivo de promover o aperfeiçoamento qualitativo e quantitativo da prática
desportiva visando a competição, pode ser desporto de alto rendimento, com a
finalidade de obter resultados”.
O Brasil despendeu cerca de 40 bilhões de reais na realização
da olimpíada. Assim como eventos anteriores, o legado são rastros de
atrocidades, de acusações de corrupção, de suspeição sobre empreiteiras e
políticos, de remoções de moradores para realização das obras, agravando o
problema habitacional, de incursões violentas nas favelas e bairros da
periferia e de violações a direitos fundamentais.
Apesar do esforço das empresas e dos empresários que lucram com
o evento, dentre as quais as empresas de comunicação, não foi possível esconder
a insatisfação popular. O desporto de alto rendimento ou desporto de competição
não se justifica, salvo para quem lucra com ele, num país no qual faltam
quadras nas escolas.
O desporto pode ter motivo educacional, com a finalidade de
alcançar o desenvolvimento da pessoa e formação para o exercício da cidadania e
a prática do lazer; pode ser desporto de participação, com a finalidade de
contribuir para a integração dos praticantes na vida social, na promoção da
saúde e educação e na preservação do meio ambiente; pode ser desporto de
formação, com o objetivo de promover o aperfeiçoamento qualitativo e
quantitativo da prática desportiva visando a competição, pode ser desporto de
alto rendimento, com a finalidade de obter resultados.
Desporto de alto rendimento é negócio. Em regra é o paraíso das
drogas. Em 1998, no Tour de France, tradicional corrida francesa de ciclismo, a
polícia prendeu quase todos os competidores, por uso de substâncias
consideradas ilícitas. Chegou-se a dizer que no esporte de alto rendimento
ganha quem tem o melhor químico e não quem tem o melhor técnico.
A busca por recordes, o lucro com o marketing e a exposição de
produtos pelos atletas são mais lucrativos que os princípios nos quais se
ancoram os discursos e se justificam as competições. O desporto de rendimento
anda de braço dado com os políticos, pois ambos discursam diferentemente do que
praticam. Se o evento é privado e quem lucra com ele são as empresas que o
organiza, por que recursos públicos são gastos em detrimento de outros
investimentos em prol da sociedade? Quem formula tais opções de gastos públicos
tem interesse no bem público ou é partícipe dos interesses privados
contemplados com os eventos?
Publicado
originariamente no jornal O DIA, em 13/08/2016, em 14. Link: http://odia.ig.com.br/noticia/opiniao/2016-08-13/joao-batista-damasceno-jogos-para-que-e-para-quem.html
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