Na noite do dia 11/08/2011,
precisamente há nove anos, foi executada a juíza Patrícia Acioli, por agentes
do Estado, com armas do Estado e munição fornecida do Estado.
Os autores dos disparos são
homicidas. Mas, são partícipes – uns no sentido penal, outros no sentido
político - todos os que contribuíram para o desfecho: O comando da PM que
nomeou para o batalhão de São Gonçalo um oficial desafeto da juíza, o
comandante que incentivou os homicidas, os agentes públicos que opinaram pela
negativa da escolta que ela demandava, bem como os que decidiram retirar sua
escolta.
Depois de trabalhar todo o dia 11 de agosto de 2011, dia do advogado e do magistrado, Patrícia chegou em casa para o descanso, mas os homicidas a esperavam.
É emblemático que os homicidas da juíza Patrícia Acioli tenham escolhido o dia da instalação dos cursos jurídicos no Brasil para praticar o crime. Não se tratou apenas de mais uma execução praticada pelo Estado. O que se pretendeu foi demonstrar que estavam assassinando o Estado de Direito no Brasil e que nem mesmo as instituições do Estado estão a salvo da barbárie. O que recentemente foi feito por outros grupos paramilitares, do mesmo viés e grupo social, com o STF tem neste episódio o seu prenúncio.
Morta a juíza, parcela da
imprensa tentou lhe assassinar a reputação. No dia 13 a manchete do maior
jornal do Rio de Janeiro detratava a juíza. Mantive correspondência com o
jornalista autor das matérias. Ele disse-me que era um crime passional
praticado por pessoa que indicava e que apostava todas as fichas no que dizia.
Um canalha!
Guardo a correspondência que tive
com ele. Seguiu-se uma guerra editorial. O jornal O DIA apostava que não era
crime passional e uma jornalista que cobria o assunto, quando viu o caminho que
as investigações apontavam, se referindo ao outro jornal que continua a
divulgar fake News disse-me: - Vamos ver quem vai piscar primeiro!
Realizada busca e apreensão no
Batalhão de São Gonçalo, e identificadas as armas das quais partiram os
disparos, escrevi ao jornalista que apostara todas as fichas. Ele jamais me
respondeu.
Guardo a correspondência mantida
com ele. Canalha! Não teve a dignidade de se retratar e reconhecer que errara
na avaliação. Não teve a dignidade de dizer que perdera as fichas apostadas.
Seu jornal não teve a dignidade de reconhecer que errara, pois na verdade
tentava encobrir a falta daqueles que retiraram a segurança da juíza.
Hoje completam nove anos do
assassinato da justiça. Muitas outra vidas foram ceifadas pela necropolítica. A decisão do STF que restringiu as operações
policiais durante a pandemia reduziu em 70% as mortes na cidade do Rio de
Janeiro.
É preciso repensar a política de
segurança no Brasil. É preciso repensar a política de segurança no Estado do
Rio de Janeiro. Com menos ações policiais todos os índices de morte, violência
e criminalidade diminuíram no Estado. Por que será?
Mais informação:
Infelizmente, a política brasileira em relação à segurança pública não se mostrou eficaz ao longo dos anos, porém através das incursões atuais em comunidades menos favorecidas, o macabro reencontro com os pérfidos métodos utilizados pela ditadura militar, o extermínio em massa em comunidades desfavorecidas refletem a gestão do atual governador, que, através de promessas inconsequentes, reativou a macabra estatística, jovens negros e pobres alijados de sua cidadania e vítimados por algozes travestidos de guardiães da ordem e de policiais comandados pela brutalidade, o caso da juíza é mais um triste exemplo de como funciona nosso sistema, de como a imprensa, a partir de interesses escusos e cooptada com os barões assassinos, omite a verdadeira face de um país cujas leis mostram- se claudicantes.
ResponderExcluirO mais triste é saber que essa política de extermínio é incorporada por grande parcela da nossa sociedade.
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